A Casa Bisalhães é uma residência projetada para uma nova família a partir de uma preexistência em alvenaria de granito composta por dois pisos, tendo o piso superior funcionado como moradia, e o piso inferior como lagar para produção de vinho e “atelier” para a produção do “barro preto de Bisalhães”.

Bisalhães é uma aldeia situada na encosta sul da freguesia de Mondrões, concelho de Vila Real, em Portugal, sendo célebre pela olaria de Bisalhães, mais conhecida por "barro preto de Bisalhães", cujo fabrico da Olaria Negra foi declarado Património Cultural Imaterial da Unesco em 29 de novembro de 2016, processo de confeção esse que remonta, pelo menos, ao século XVI.

Estando, logo à partida, “condicionado” pela existência de uma edificação abandonada e em ruínas, que outrora servira de habitação dos familiares e a qual, se pretendia, de certo modo, manter/adaptar para assim permanecer como memória futura, o conceito do projeto começou a partir do estudo do local e da sua história, bem como da analise da envolvente e características do terreno, o que permitiu entender, as alturas dos edifícios vizinhos e as vistas privilegiadas sobre a Serra do Alvão a Poente, possibilitando prever o local exato de cada uma das funções da casa. 

Tendo em conta essas premissas e as características da preexistência, optou-se por organizar a moradia em meios pisos, em que o volume novo incorpora parte do volume preexistente. Assim, a habitação, abriga, no piso superior, três dormitórios, sendo um deles o quarto principal. No piso intermédio logo abaixo fica o escritório. Mais abaixo, no rés-do-chão, localizam-se as zonas comuns, garagem e zona de apoio e por fim, no piso mais abaixo, fica, a zona de lazer.

A forma como foi organizada a moradia, possibilita, que as zonas comuns e a zona de entrada, bem como ao sair de qualquer compartimento da casa se possa desfrutar do glamour proporcionado pelo granito da preexistência e tudo o que ela representa e simboliza para a família. Parte da edificação existente foi ainda aproveitada para criar um jardim exterior rodeado por uma espécie de ruína para onde estão voltados o escritório e a zona de lazer de modo a proporcionar um ambiente tranquilo e encantador.

É perfeitamente percetível, através da cor dos revestimentos e materiais exteriores na parte mais recuada das fachadas e no interior da moradia, a alusão ao “barro preto de Bisalhães”.